Quisera eu ser
Quisera eu ser a cama em que dormes.
Quisera eu ser o controle com que jogas.
Quisera eu ser os herois de teus filmes.
Quisera eu ser o peso com que malhas.
Preferiria ser um objeto que não sente
quando às vezes é trocado por gente
a ser gente, que precisa de afeto,
e é quase sempre trocado por objetos.
Talvez assim sentisse teu toque sem malícia
e assim teria tua atenção sem apelar.
Teria carinho ao invés de sempre carícia.
Antes eu vivesse contentada em solidão
do que ser considerada um incômodo
competindo por ti com alguma distração.