SONETO DO CONTRASTE


Ó dor de ver o horrendo azar qual sorte
Que, sozinha, ainda voa nesse céu aberto!
Estar na multidão, e se fazer deserto!
No quadro da vida, só pintar a morte!

Ser tão fraco, e ter de lutar qual forte,
Contra o bem e o mal, o errado e o certo!
Carregar neste peito, ofegante e esperto,
Um coração pequeno, de infinito porte!

Ter de alcançar o que jamais se alcança!
Cavalgar no hoje, e permanecer no ante!
Fora ser tão velho, quando se é criança!

Sempre ancorar onde se esbarra – avante!
Não suportar a dança, e estar na dança,
E de só amar, quando se está distante!
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 09/02/2007
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