SONETO DO CONTRASTE
Ó dor de ver o horrendo azar qual sorte
Que, sozinha, ainda voa nesse céu aberto!
Estar na multidão, e se fazer deserto!
No quadro da vida, só pintar a morte!
Ser tão fraco, e ter de lutar qual forte,
Contra o bem e o mal, o errado e o certo!
Carregar neste peito, ofegante e esperto,
Um coração pequeno, de infinito porte!
Ter de alcançar o que jamais se alcança!
Cavalgar no hoje, e permanecer no ante!
Fora ser tão velho, quando se é criança!
Sempre ancorar onde se esbarra – avante!
Não suportar a dança, e estar na dança,
E de só amar, quando se está distante!
Ó dor de ver o horrendo azar qual sorte
Que, sozinha, ainda voa nesse céu aberto!
Estar na multidão, e se fazer deserto!
No quadro da vida, só pintar a morte!
Ser tão fraco, e ter de lutar qual forte,
Contra o bem e o mal, o errado e o certo!
Carregar neste peito, ofegante e esperto,
Um coração pequeno, de infinito porte!
Ter de alcançar o que jamais se alcança!
Cavalgar no hoje, e permanecer no ante!
Fora ser tão velho, quando se é criança!
Sempre ancorar onde se esbarra – avante!
Não suportar a dança, e estar na dança,
E de só amar, quando se está distante!