SERENA DESVENTURA
Serena e apurada desventura,
debalde olhar feliz no rosto...
Já me ilude um cândido desgosto
na geleira, senhora, tua, impura!
Sem encanto, fulgor e sem ventura,
sem simpleza denega o mal proposto...
Sem respeito a pungir-me, bem, suposto;
tal fereza a alma me apura!
Desencanta do amor, tua beleza...
Pena! Encanta a ti esta frieza?
À tua guisa me rendo incontentado...
Foi-me dano, por ti, me quebrantar,
foi-me engano de ti me enamorar,
se não há brandura em teu pecado!