Fado
Neste meu peito existe um cemitério infindo,
E onde a cada momento nova dor se encerra,
Aos ruidos tenebrosos e gritos de guerra,
E os guinchados enfim de satanás sorrindo.
Vejo nascer o dia, como nasce um dia lindo,
E já a angústia rápido em meu ser descerra
Um rústico caixão e alguns palmos de terra,
Enquando o cão ri deste coração carpindo.
Assim vou rastreando nesta longa estrada,
E transformando fel e lodo em argamassa,
Para a sepulcral cova de todo incompleta.
Cada passo uma pedra e outra maior pedrada...
É que talvez não haja na vida desgraaça
Maior, que trazer n'alma a sina de poeta.