Dúvidas
Não creio no que afirma tua boca,
Se bem que, nem afirma ou nada nega,
Mas, suspira entreaberta e leve rega
As esperanças desta cabeça oca.
Ainda não sei se sou louco ou és louca,
Para ficarmos nesta vã refrega,
Na espera da razão, que às vezes cega,
Venha iluminar nossa trilha tosca.
Fecho os olhos e sinto o teu perfume
Que por vezes me traz o azedume
De uma lembrança em nós intermitente.
Quando abro os olhos veja a realidade,
E a certeza que, mesmo sem maldade,
Boca que muito beija também mente.