NO ÍNTIMO DO MEU QUARTO
O sol põe-se por detrás do horizonte,
Vejo-o através da janela escancarada,
Desce devagar, por detrás do monte,
E há uma súbita certeza esperada.
Já as sombras dos gatos se passeiam,
Para cá e para lá, emprestando à noite
Fantasias e delírios, que vagueiam
No breu da luz carcomida, num açoite
De fantasmagóricas subtilezas aqui,
Onde os cães latem em ruidosos urros
Os segredos que esperam por mim.
Deito-me na cama e acendo um cigarro,
Meus pulmões absorvem os murros,
E ouço ao longe distinto o som de um carro.
Jorge Humberto
02/01/07