NEBLINA DE DOR
Meu olhar se esvai na noite fria
no silêncio da alma em nevoeiro
vagando pelos rastros do cruzeiro
que enfeitando a cova me atrofia.
No meu pranto o vento se esguia
como sede em sufoco de veleiro
na ilusão solitária de um lameiro
cuja vida na morte me espremia!
Para o resto de abrigo em meu desgosto
já flutua a dor rasgando o rosto
no espanto assombrado da neblina!
Minha voz se amortalha sem fulgor
no meu mundo funesto sem amor
como vasto terror que me alucina!