UMA QUESTÃO DE SENTIR
“Cala-te ao peito (diz o amigo ao amigo)
Da tua paixão os traços... Sê triste,
Mas sorri sempre, que em fingir consiste
A glória do amor... Vê como sigo,
E mira-te em mim... Sê forte, resiste,
Que, mudo, vencerás...” E esse consigo
Vai: “Este sim, por calar o que digo,
Ouve o que por dizê-lo pago em riste:
Serei forte!...” E a tremer, de tão irado,
Brada um terceiro, que o conselho ouviu:
“Por que iludes a quem te dá cuidado?
Julgas-te forte, porque em teu perfil
Vêem-se os traços de quem se crê amando,
E não os traços de quem um amor sentiu!...”
“Cala-te ao peito (diz o amigo ao amigo)
Da tua paixão os traços... Sê triste,
Mas sorri sempre, que em fingir consiste
A glória do amor... Vê como sigo,
E mira-te em mim... Sê forte, resiste,
Que, mudo, vencerás...” E esse consigo
Vai: “Este sim, por calar o que digo,
Ouve o que por dizê-lo pago em riste:
Serei forte!...” E a tremer, de tão irado,
Brada um terceiro, que o conselho ouviu:
“Por que iludes a quem te dá cuidado?
Julgas-te forte, porque em teu perfil
Vêem-se os traços de quem se crê amando,
E não os traços de quem um amor sentiu!...”