SONETO DO DESENCANTO
Ontem, quando pela primeira vez
Vi-te ali prostada ao pé de mim,
Sem a dúvida cruel do teu “talvez”,
Sem a negação do teu próprio “sim”,
Fitei então com tamanha altivez
Tua face roxo-clara de cetim,
Que todo o teu encanto se desfez
E pude constatar, surpreso, enfim,
Que não eras visão, mas carne e osso;
E a veste que te cobria, do mesmo pano
Que sempre cobriu o meu corpo de moço.
Eras mais uma Maria (morto o engano)
Com os pés em terra, incapaz de dano,
A puxar um cãozinho pelo pescoço.
Ontem, quando pela primeira vez
Vi-te ali prostada ao pé de mim,
Sem a dúvida cruel do teu “talvez”,
Sem a negação do teu próprio “sim”,
Fitei então com tamanha altivez
Tua face roxo-clara de cetim,
Que todo o teu encanto se desfez
E pude constatar, surpreso, enfim,
Que não eras visão, mas carne e osso;
E a veste que te cobria, do mesmo pano
Que sempre cobriu o meu corpo de moço.
Eras mais uma Maria (morto o engano)
Com os pés em terra, incapaz de dano,
A puxar um cãozinho pelo pescoço.