EIS O POETA
Tive de amar Joana, para amar Dolores;
Meu grito de amor, guardar bem quedo;
Ando mui lento, mas se avisto horrores,
Corro mil léguas, que não sou de enredo;
Sorrio ao inimigo que me apronta dores,
Tranco-me ao amigo que se faz de ledo;
Não sou nacional, por estar tão cedo,
E sou nacional, por sufocar rancores;
Por ti, leitor, vou de escravo a amo;
Quando em vida, dou milhões de flores,
Quando em morte, não aceito um ramo;
Em toca de santo eu não ponho o dedo;
O que mais detesto é o que mais amo,
E o que mais temo... é o medo.
Tive de amar Joana, para amar Dolores;
Meu grito de amor, guardar bem quedo;
Ando mui lento, mas se avisto horrores,
Corro mil léguas, que não sou de enredo;
Sorrio ao inimigo que me apronta dores,
Tranco-me ao amigo que se faz de ledo;
Não sou nacional, por estar tão cedo,
E sou nacional, por sufocar rancores;
Por ti, leitor, vou de escravo a amo;
Quando em vida, dou milhões de flores,
Quando em morte, não aceito um ramo;
Em toca de santo eu não ponho o dedo;
O que mais detesto é o que mais amo,
E o que mais temo... é o medo.