SONETO AO PRAZER CARNAL
Evitar não pude ao ver-te áurea, e nua,
E meiga, e casta, e linda, o árduo pecado
Da carne... Perplexo ante a forma tua,
Perdi-me todo ao embalo cadenciado
Do teu corpo sedento que não recua
Nunca ante o desejo de ser dado
Ao gozo do amor... E se da morte, sua
Foice já não temo, é que vou confiado
Num prazer: o de que, se hão de bem caro
Cobrar cada instante com que hei vivido
Minha vida sem freio e sem reparo,
Venha-me o prêmio, qual o hei merecido,
E se o sorriso lá não for tão raro,
Sorrirei contente de algum gemido!
Evitar não pude ao ver-te áurea, e nua,
E meiga, e casta, e linda, o árduo pecado
Da carne... Perplexo ante a forma tua,
Perdi-me todo ao embalo cadenciado
Do teu corpo sedento que não recua
Nunca ante o desejo de ser dado
Ao gozo do amor... E se da morte, sua
Foice já não temo, é que vou confiado
Num prazer: o de que, se hão de bem caro
Cobrar cada instante com que hei vivido
Minha vida sem freio e sem reparo,
Venha-me o prêmio, qual o hei merecido,
E se o sorriso lá não for tão raro,
Sorrirei contente de algum gemido!