DESABAFO DE MENDIGO
Vós, que fazeis da vida um labirinto
De glórias e, do orgulho, vosso amigo,
E não seguis os caminhos que eu sigo,
E não sentis as dores que eu sinto;
E vós, que me mandais prender o cinto,
Que não me olhais porque sou mendigo,
Que tendo abrigo me negais abrigo,
Que tendo pão me deixais faminto...
Meditai um só instante - vós todos -,
Antes de a dúplice matéria nossa
Pôr mais lodo no arsenal dos lodos!...
Ali, por mais rica vos seja a fossa,
Não distinguireis jamais sem engodos,
Qual seja a minha da matéria vossa!
Vós, que fazeis da vida um labirinto
De glórias e, do orgulho, vosso amigo,
E não seguis os caminhos que eu sigo,
E não sentis as dores que eu sinto;
E vós, que me mandais prender o cinto,
Que não me olhais porque sou mendigo,
Que tendo abrigo me negais abrigo,
Que tendo pão me deixais faminto...
Meditai um só instante - vós todos -,
Antes de a dúplice matéria nossa
Pôr mais lodo no arsenal dos lodos!...
Ali, por mais rica vos seja a fossa,
Não distinguireis jamais sem engodos,
Qual seja a minha da matéria vossa!