SONETO FOTOGRÁFICO


Desejo um soneto sem forma
Fixa e sem sorriso de criança.
Um soneto sem razão, sem poeta,
Sem leitor, sem fama e sem verde.

Um soneto que chore sem pranto
A presente ausência de ideal.
Que seja sem rima, e arranque
Só da dor o preço de existir.

Quero um soneto sem alma, todo
Confuso, sem futuro nem presente.
Que faça dieta, quando nada pese.

Um soneto que entre em minha alma,
E, de tão mágico, se transforme
Na fotocópia do meu próprio eu.
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 01/02/2007
Reeditado em 02/02/2007
Código do texto: T366583