ENTRE CACHORRO E GATO


Fosse eu um mágico, em um estranho truque
Roubava, do King, os olhos; do Kicão, o pêlo;
Do Tuli, a fome; e o cheirinho do Baruque,
De tudo eu faria, para eternamente tê-lo.

Tirava-me de vez da cartola e do smoke,
E de tudo o que antes fora, longe de sê-lo,
Eu iria a latir e a miar, e a mais querê-lo
Longe de mim, para do que sou mais lucre...

Quem sabe assim, se entre cachorro e gato,
Fosse eu ser-te o eterno guardião eleito,
A cheirar, do solo, a sola do teu sapato.

Mas, ai! Como me dói a idealização do feito!
Vai-te-me sonho! Não me sejas tão insensato,
Que trocar-me não posso o coração do peito!
Aécio Cavalcante
Enviado por Aécio Cavalcante em 01/02/2007
Reeditado em 26/02/2007
Código do texto: T366575