PARAISO DE AGONIA

O meu sonho se perde igual ao vento,

se desfaz como um rastro de incerteza...

Minha noite se engasga em vil tristeza

e, rugindo, se amarga em meu lamento!

Dor e mágoa em silêncio vago e lento

se desliza à minha alma em correnteza,

num passeio angustiante onde a beleza

se declina em pesar tão agourento!

Na lembrança o meu ego em seu fulgor

esculpia em meu céu nuvens de amor

o nos olhos das trevas reluzia...

Vejo agora a minha alma em dor tão plena

num amanhã de sepulcro em voz que acena...

Paraíso? Não sou! Sou agonia!