Desejo
Trajada de hera e flor, prenúncio à primavera,
abrigo tempestade, exponho-me ao teu passo
e esculpo vento em ar, pertença d’outra esfera.
Sou barro e sou poema – em ti sou limo escasso.
Passada firme e reta, ao sonho de era em era,
tens olhos luze-luze, ardor de ser devasso
e brincas de pecado em torno da cratera.
Se és Zeus e te sou Hera – aos céus não há fracasso.
Ardente pedes bis, anseias qualquer feito...
Meu corpo nu revela os dons da namorada
e os prêmios celestiais de um deus por mim eleito.
Desejo-te beijar, o corpo inteiro insiste...
Meu dorso nu reclama a língua seviciada
e anulam qualquer não os seios quase em riste.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 24 de março de 2012 – 21h54