PERPLEXIDADE ALMÁTICA
Nas noites sem sonho, soluço e despeito
me foge a esperança com toda ternura;
se faz em tormento meu júbilo, a brandura
se esvai no assopro da dor em meu peito!
E eu vago sem brilho num céu de defeito,
expandido, imerso num espelho de agrura...
Sem paz e alegria no olhar de tontura
só tem ilusão no meu grito refeito!
No estanho alvorado do meu dia em pranto
flui meu coração num gemido de espanto
trescalando a lágrima que escorre em dores...
Maldita esta sina em que vago incerto
na tumba da sorte que em ardor desperto
morrendo num espinho disfarçado em flores!