AO ENTARDECER
Leve, breve brisa, acolhe o meu rosto.
As árvores são o seu apogeu e o senão
Das cerejeiras onde se descobre o mosto
Da fruta amadurecida caída no chão.
Escrevo porque o pensamento me o dita
Não tenho pretensões a nada
Sou como à flor quando se agita
E espera as benesses da madrugada.
Ouço-me ao longe gritando impropérios:
Este não sou eu – digo insistentemente!
Meus sapatos calcorreados são galdérios
Não esperam do nascer do dia mais
Do que a forma geométrica e persistente
Do plano e paralelo voo dos pardais.
Jorge Humberto
16/01/07