BRILHO AMARGO

Universo sem brilho sou, espasmo,

triste verso amargo num fantasma,

um canteiro que sangra na voz pasma,

o veneno da flor, fel e marasmo!

Sou a morte do amor, tropo sarcasmo,

rastro ébrio do vulto ectoplasma...

Sou a morte do amor, sangue sem plasma,

orador que perdeu o entusiasmo!

Sou olhar que vazou o mar a esmo,

a metáfora do beijo sou eu mesmo...

Na tortura de horror sou o carisma!

Sou a lâmina que lambe a dor no abismo,

o sepulcro sedento por lirismo,

sou as gotas de pranto num sofisma!