SENSATA INTROSPECÇÃO
Eu trago nos olhos as vozes tristonhas,
no orvalho da alma o espelho insensato...
Nas gotas de sonhos, em dor, me dilato
nos gritos de assombro, às queixas medonhas!
As noites insones já me são risonhas...
A brisa da aurora em escuro retrato
me expulsa à neblina... De mágoa me ornato
qual vítima inocente de cruéis peçonhas!
Banhado em desgosto funesto me esguio...
Vestindo o pranto de dor me agonio...
Sou fruta escolhida pela podridão!
Sou lágrima corrente no verso da estrela...
Sou poesia rude que ninguém quer lê-la...
Das nuvens trevosas sou a solidão!