ALMA LETÁRGICA

Quando a noite em seu véu em mim ancora

na faminta ilusão da fome e sede,

com meu peito ringindo acordo... Vede

essa angústia tão rude que me aflora!

Meu castigo expiado já implora

do meu sangue às manchas da parede!

Feita em pranto de morte é minha rede

nessa vida letárgica que devora...

No desejo ferido de tormento

numa noite que vaga corto a fala

com o mar que se alastra dentro em mim!

Meio vivo encontro o passamento

me abraçando num sonho que se cala

junto ao céu que festeja o meu fim!