REGADOR DE PRANTO

Meu silêncio é silêncio de um morto

que não ouve a escrita da tortura,

como planta em saudades da loucura

esperando a regar-se num aborto...

Como amor semeado em desconforto

seco a casca em romance, em vil procura...

Já me esconde a agonia alguma cura!

Teu olhar de aperto é sempre torto!

Mora em mim teu silêncio, esse azarado!

Sofro o pranto em soluço, esse enxugado

no vestir da cortina, o mortuário...

Sou sentido, ilusão de vil frieza

na lembrança incapaz de ver beleza

no convívio da dor desse calvário!