MORDAÇA DO AMOR

A ventura se esconde de minha alma

muito além de um enrendo proferido...

Sou pincel de escultor duro e ferido!

Sou segredo feroz que não se acalma...

Sou aurora mudada em grande trauma,

vôo errado em falcão despercebido,

sou rabisco de um verme adormecido,

pesadelo acordado que se empalma...

Sou flagelo vingando a voz do canto

como grito em sigilo de um espanto

num enigma acolhido pelo vento...

Sou um corpo aturdido na desgraça

como morte esculpida em plena praça

da mordaça do amor, riso em tormento!