PAIXÃO NUA
Minha cor de poeta é sepultura...
O meu verso confunde o sentimento!
A esfinge em meu ser tem a brandura
da mortal e cruel força do vento...
Sou a pétala da rosa na agrura...
Como galho quebrado, o mau momento,
sou a pena da cócega na tortura...
Um orvalho chorando em desalento...
Sou odor de um artista sem história;
harmonia em visão, rubra memória
do escultor que amputou a própria mão...
O poema sem cor que em verso eu teço
é suspiro de aroma em que padeço...
Sou nudez magoada e sem paixão!