DESILUSÃO
Morto em fome eu não quero essa comida.
Do auxílio na cara eu caçoei.
Me chamaste... Fingi que não notei.
Ao relento recuso-te a guarida.
Me condenes, pois não me perdoei!
Não me cures, eu quero é a ferida!
És sincero? Minha alma é tão fingida!
Não me benzas que eu já me blasfemei!
Não me ames, eu quero a desavença...
Não me louves, eu quero é a ofensa...
Não me ensines: Não quero aprender...
Não me me expie que eu quero é a sentença...
Jamais ores por mim... Perdi a crença...
Teu perfume não dês... Quero é feder!
DIREITO
Essa desilusão é só o lamento
de quem já tem por dentro tal ferida
que só traduz-se em dor seu alimento...
por não ter mais sentido a própria vida.
É quando até o perdão já se dispensa
pois que só punição é o que se busca.
E a dor que já se mostra tão intensa...
Não vê sofrer maior, pois que ela o ofusca!
Não temas, pois... Não busco ser-te amável.
Nem vou te elogiar... Pedir-te apuro!
Respeito a tua vontade inquestionável!
Aceito a tua descrença e o teu perjuro
e o teu sofrer é mais que razoável:
Precisas ser intenso, não seguro!
Luiz Roberto Bodstein