DESILUSÃO

Morto em fome eu não quero essa comida.

Do auxílio na cara eu caçoei.

Me chamaste... Fingi que não notei.

Ao relento recuso-te a guarida.

Me condenes, pois não me perdoei!

Não me cures, eu quero é a ferida!

És sincero? Minha alma é tão fingida!

Não me benzas que eu já me blasfemei!

Não me ames, eu quero a desavença...

Não me louves, eu quero é a ofensa...

Não me ensines: Não quero aprender...

Não me me expie que eu quero é a sentença...

Jamais ores por mim... Perdi a crença...

Teu perfume não dês... Quero é feder!

DIREITO

Essa desilusão é só o lamento

de quem já tem por dentro tal ferida

que só traduz-se em dor seu alimento...

por não ter mais sentido a própria vida.

É quando até o perdão já se dispensa

pois que só punição é o que se busca.

E a dor que já se mostra tão intensa...

Não vê sofrer maior, pois que ela o ofusca!

Não temas, pois... Não busco ser-te amável.

Nem vou te elogiar... Pedir-te apuro!

Respeito a tua vontade inquestionável!

Aceito a tua descrença e o teu perjuro

e o teu sofrer é mais que razoável:

Precisas ser intenso, não seguro!

Luiz Roberto Bodstein

GERAILTON CAVALCANTE
Enviado por GERAILTON CAVALCANTE em 21/11/2011
Reeditado em 29/08/2013
Código do texto: T3349067
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