O DITO PELO NÃO DITO

O soneto que agora à noite eu faço

não tem verso nem rima, é uma farsa...

Pois meu peito queimando como a sarça

e eu tentando falar de brando abraço...

Abra a mão, depois feche o antebraço,

logo após ria terno igual a garça...

Se a costela dói muito vai, disfarça,

comprimindo, também, o espinhaço...

Mas não posso falar de abraço, não!

Meu espírito tá muito dolorido...

O meu peito de abraço é indigente!

Eu só posso falar do safanão

que me foi em palavras desferido...

Mas eu falo depois, não é urgente!