JOIA MALÍGNA

O grãozinho de areia perspicaz

entra e a ostra percebe muito tarde.

Ela o envolve no nácar e fica a par de

que é danoso o invasor vil e tenaz...

No tormento que a pobre ostra arde,

um agente cruel e tão voraz

invadiu a minha alma e nela jaz

produzindo no peito grande alarde...

Como a pérola na ostra é este amor

a areia, que o grão faz do molusco

hospedeiro e lhe suga toda a vida...

No meu ego febril jorra um clamor,

miserável pesar onde me ofusco,

uma joia malígna e proibida!