Soneto Livre
Com espantosa simplicidade se forma
o harmonioso e belo corpo do soneto,
que hoje é já liberto, e se transforma,
a debelar a triste feição de esqueleto.
Dizendo adeus à enfadonha norma,
vai se tecendo, luminoso e perfeito,
a promover a já inadiável reforma,
usando a inspiração em seu proveito.
É a velha métrica boa e provecta senhora,
conquanto, não mais encarcera o quarteto
e nem seu irmão, que sempre o acompanha...
O algoz do verso, subjugado, foi-se embora,
dando a liberdade para s’espargir o terceto
em face dua, e onde a beleza não se acanha!...