COSMONAUTA FÚNEBRE
Estou só no deserto mau do medo!
Tenho o escuro feroz por companhia...
Meu refúgio de escombro é agonia
e meu mar de aflição virou rochedo...
Tudo em mim é cruel e tenebroso...
Minha roupa de dor é qual mortalha
construída de cardo e de navalha,
enfeitando o meu corpo escabroso!
Eu comparo esse meu estado grave
como a terra distante em seu remanso
avistada do espaço por um réu
que largado na lua vê a nave
indo embora, pra sempre, num avanço,
lhe deixando a mortalha por troféu.