Meu canto-sereia
Ver as flores pelo mar e em cada flor um anseio...
Sou gorjeio e o meu cantar suplica ao corpo indefeso,
preso em alga, a balouçar o belo seio desnudo.
Mudo em beijos - secular desejo meu - pedra rara.
Em Carrara sou-te ardor e agito a cauda fremente...
Doidamente e com furor sou véu em pornografia,
ousadia em grito e dor, rugir de amor transcendente.
Ao poente - faz-se cor no meu pensar - meia Lua.
Seminua - diamante - amarras corto em paixão...
Sou vulcão e enlaço o amante. O deus Poseidon aclama
e proclama em verso arfante: és sereia e poesia!
Fantasia em relicário - algemas ao despudor...
És ator no meu cenário. Adentras meu paraíso
e um sorriso em tom canário harpejo em ti - só prazer!
Trata-se de um Soneto Montenegrino, formato poético criado pelo poeta Jorge Montenegro. Para além de outras regrinhas, o esquema rimático é diferente do tradicional:
VER as flores pelo MAR e em cada flor um ANSEIO...
Sou GORJEIO e o meu CANTAR suplica ao corpo INDEFESO,
PRESO em alga a BALOUÇAR, o belo seio DESNUDO.
MUDO em beijos - SECULAR desejo meu - pedra RARA.
Em CARRARA sou-te ARDOR e agito a cauda FREMENTE...
DOIDAMENTE e com FUROR sou véu em PORNOGRAFIA,
OUSADIA em grito e DOR, rugir de amor TRANSCENDENTE.
Ao POENTE - faz-se COR no meu pensar - meia LUA.
SEMINUA - DIAMANTE - amarras corto em PAIXÃO...
Sou VULCÃO e enlaço o AMANTE. O deus Poseidon ACLAMA
e PROCLAMA em verso ARFANTE: és sereia e POESIA!
FANTASIA em RELICÁRIO - algemas ao DESPUDOR...
És ATOR no meu CENÁRIO. Adentras meu PARAÍSO
e um SORRISO em tom CANÁRIO harpejo em ti - só PRAZER!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2011 - 16h08
Reeditado