Descanso Eterno
"...que depois de todo o suplício do viver,
partiremos, e levaremos conosco somente
o que temos mais em conta, de fato, o que
nos é mais precioso, sejamos ou não sabedores
de nossos mais caros anseios."
Félix Arlequim
Na face obscurecida e lodosa da lápide fria
letras belas e sombrias teu retrato encimavam,
dois epitáfios, distintos, na eternidade selavam
teu corpo, em derradeira e sepulcral moradia...
Os dizeres primeiros, de conhecida autoria,
toda tua beleza e tuas virtudes desfilavam,
exaltando as luzes que de teu ser evolavam,
atestando tua iridescente e divinal magia...
Nos dizeres outros, cujo autor se desconhecia,
as letras, soturnas e lúgubres, se arrastavam
revelando toda a morbidez d'uma vida vazia...
Sentimentos opostos que, no teu jazer, duelavam
reclamando teu eterno descanso por companhia,
tormentos, qu’inda pós morte, te desejavam...