Titônia

A invernia fenece em sono lento

E profundo. Desperta a primavera,

Sorrateira, quão a brisa que afaga

O pasto vicejante na colina.

A terra multiplica o parco alento.

Um concerto de pássaros reitera

A imensurável e conspícua saga

Da natureza — mãe e heroína.

O azul-fino da opípara estação

Resplandece na abóboda celeste,

Enaltecendo o sêmen que rebenta.

Muitos, uma vez mais, procriarão.

Desvela-se o primor na face agreste,

Alterando a tez da flora cinzenta.

Mário Neto
Enviado por Mário Neto em 26/07/2011
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T3119089
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