SEMPRE
E é sempre no meu sempre a mesma ausência
E sempre no meu silêncio a minha angústia
E sempre no meu olhar aquela marca
E sempre no meu sempre a inexistência
E é sempre no meu sempre a desistência
E sempre na minha palavra a mesma dúvida
E sempre na minha boca a ilusão farta
E sempre no meu sempre a reticência
De tanto sempre o ser deixou-se por inteiro
De tanto não o humano virou objeto
De tantas vezes o sempre ficou perfeito
O que era ilusório passou a ser verdadeiro
O que era errado passou a ser o certo
Na vã esperança do momento derradeiro