Soneto à noite que chega
Recebo-te tão tarde ao entardecer
Pois bem sei que tu vens sem me avisar
És um fogo em meu peito e arde a queimar
E a solidão em minh'alma a sofrer
Se tu és em mim, noite, padecer,
Então trazes contigo o despertar
E a triste angústia em não poder viver
Ou a dormência da mágoa, a sonhar?
Bem sei vens no crepúsculo nascer
Qual o sol poente, és vida a vagar
Chegas e ficas, não podes morrer
Pois és assim, eterna noite, luar
Deixas pra sempre em tal névoa a pairar
Áureas etéreas neste perecer