Verão
Nessas tardes de verão, muito vermelhas,
Ardem as mais afogueadas rosas,
E ao passares por mim, tão perfumosa,
Sinto dos céus a divinal centelha...
A noite cai na escuridão, já quase velha,
Espargindo ao léu as ânsias mais idosas
Em seus ardores de senhora poderosa
Que faz fulgir no espaço etéreo bela estrela...
E a luz da lua a pratear teu níveo rosto
Põe-me a sonhar candentes noites de outrora,
Quando eras tu, a bela musa, ao meu gosto...
E vejo então que do verão, fugiu ao posto
O salva-vidas que não chega a tempo e hora.
Vou-me afogando, pelas vagas do desgosto...