Berço e Colo (Duo Soneto)
Berço
Embora seja meu cantar assaz mineiro,
Pois me ensinou o versejar esta Gerais,
Em minha lira, uma inspiração a mais
Me chega, lá do meu Rio de Janeiro...
Sou um filho daquelas terras abençoadas,
Ainda que vindo de ventre destas Minas,
E não obstante, aqui esteja minha sina,
Tenho meu berço nas praias ensolaradas...
Meu coração tem um ligame na ousadia,
Na aventura pelas noites e madrugadas
Pelas Lapas onde canta a boemia...
Nas Copacabanas coloridas e iluminadas
Onde, nas ondas, meu ser ruge de alegria
E de amor por aquelas plagas encantadas...
Colo
Embora tenha nascido em distinta terra,
Lá no burburinho do belo Rio de Janeiro,
Esta poesia toda que minh’alma encerra
Tem bastante mais deste cantar mineiro...
Pois que sou filho, também, destas Minas,
Sempre Gerais, a embalar meu coração,
Maviosa terra que inspira minha canção,
Chão onde está plantada a minha sina...
O eterno sonho de liberdade me ensina
Por seus poetas e cantadores iluminados,
Seguir seus caminhos, cruzar suas esquinas...
Deitar feliz no seu solo, meu colo dourado,
Contemplando a luz das estrelas pequeninas
E a infinita beleza deste céu enluarado...