BARROCO DE HOJE 

Caído, meu demônio nas entranhas
vê no espelho um arcanjo esfarrapado,
roto estorvo da vida, mendigando
o que tenho de bom, ou penso ter. 

Vai, desedificado – recusando
olhares de absoluta compaixão
que espreitam nas esquinas – imortal
feito pequeno, fraco e sem poderes. 

Barroco, meu demônio nas entranhas
pergunta a Deus porquês intermináveis,
veste arrependimentos e se rende. 

É meu arcanjo-poeta, desterrado,
minha estranha coragem de arriscar
perder o paraíso – sombra e luz.

 

Parte da coletânea
Alguns sonetos que fiz por aí...

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