Praga
Soltei meu brado destemido pelos ares,
Libertei-me da servidão entorpecida,
Vislumbrei novo prazer em minha vida,
Divisei renovados e plácidos mares...
Todas as vezes que comigo tu sonhares
Lamentarás com dor a minha despedida,
Chorarás de amargor pela minha partida
E teu sofrimento afogarás em sujos bares...
E ainda que ergas por mim os teus altares
Jamais haverás de ver-me a ti retornar
E nunca mais haverás de ter alguém que te ame...
E haverás também de fenecer pelos pútridos ‘lares’
Onde meu puro amor não hesitaste em sangrar
Por prazeres tão sórdidos quão hoje tu’alma é pusilânime...
(Do livro Flores de Cristal)