Cicatrizes
Soluços de choro, de riso desato
Em horas incertas, momentos agudos
Desminto a emoção num compasso inexato
Num passo desmancham meus nadas, meus tudos.
Já sinto, contudo, o porquê dessa morte:
Me falta matar o que vivo me jaz
Com golpes, cascalhos escapam pro norte
Pro sul, sudoeste... os órgãos vitais.
É isso uma jóia aos golpes talhada
Supremo Escultor a criatura modela
Aos poucos se vai o que a peça não era.
A feia escultura que sou é açoitada
E aquilo que resta de mim, cicatrizes!...
São marcas fiéis que lapidam matizes.