Cicatrizes

Soluços de choro, de riso desato

Em horas incertas, momentos agudos

Desminto a emoção num compasso inexato

Num passo desmancham meus nadas, meus tudos.

Já sinto, contudo, o porquê dessa morte:

Me falta matar o que vivo me jaz

Com golpes, cascalhos escapam pro norte

Pro sul, sudoeste... os órgãos vitais.

É isso uma jóia aos golpes talhada

Supremo Escultor a criatura modela

Aos poucos se vai o que a peça não era.

A feia escultura que sou é açoitada

E aquilo que resta de mim, cicatrizes!...

São marcas fiéis que lapidam matizes.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 11/12/2010
Código do texto: T2666611
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