Dolorosa Realidade
‘...revelando-se um profundíssimo
mar de incomensurável tristeza!’
Félix Arlequim
O mundo inteiro baila na densa fumaça,
Sempre a subir na atmosfera, espiralada...
É fugidia e sombria a face da namorada,
É constante a face da mãe, desalentada...
O rosto rubro do alvoroço alígero passa,
Mais um'outra longa e sequiosa baforada,
Dor, torpor, languidez... Alma desmaiada,
Fenece a mente, improfícua, aniquilada...
A melancolia suas redes de pronto entrelaça,
A necessidade de novo enlace é incontinente,
Retalhando a alma, exigindo a fome saciada...
Nada mais há, a não ser agonia e desgraça,
Só um farrapo a se arrastar, miseravelmente,
Só mais uma vida que pelo crack vai sendo ceifada...
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Não acontece com muita frequência, na verdade é até bastante raro, mas confesso que chorei ao acabar de escrever este soneto, que se revelou verdadeiro sumidouro de energia, não obstante, o tenha escrito em reduzido tempo. Penso que tal fato tenha ocorrido devido a densidade do tema, tão triste quão veramente preocupante. Porém, obviamente que não tenho pudores de meu pranto!
Até ouso sugerir que deveríamos chorar todos nós!
E quem sabe nossas lágrimas, sentidas, sinceras, possam de alguma forma se unir, e inundar de esperanças, e fazer transluzir as águas, hoje tão sombrias, deste ‘profundíssimo mar de incomensurável tristeza!’
Quanto a mim, sei que milagres acontecem todos os dias...
Agradecido pela prestimosa atenção.
Um grande beijo na alma...