Glacial
Por que cobre essa frialdade vaporosa,
com essa névoa densa e esbranquiçada,
as belas flores que margeiam a estrada
que leva aos lautos portais da minha prosa?
Será que a minha poesia já esclerosa,
ou não estaríamos nós ainda em setembro?
Pois daquilo que sei, e pelo qu'inda me lembro,
em setembro o poeta canta o reinado da rosa.
Por que paira essa alva neblina intrigante
que salpica os poemas em gotas cintilantes
e furta a cor primaveril dantes tão maviosa?
A inspiração não mais floresce exuberante,
perdida na luz do teu olhar de diamantes,
não mais s'encanta co’a época flórea de cor buliçosa...