A Alma do Sertão
(Soneto que compus inspirado pela leitura do primoroso soneto 'ALMA SERTANEJA', do grande poeta, o mestre Jacó Filho)
Por ter olhos secos o sertão não chora,
guarda-se na dor enquanto alívio espera,
abriga-se à sombra de fugaz primavera
que já vai tão longe quão chuva demora...
No calor do estio o cacto se esmera
em guardar o alívio para a seca hora,
no fragor do sol o marmeleiro cora
e o velho umbuzeiro não se desespera...
Que sábio ancião, já escutou o canto,
suplicante e doce, de um bom sabiá
despencar na tarde feito um'oração...
E prenunciando, do inverno, o manto,
a procissão das saúvas se faz já...
São as águas renascidas pro sertão!