Minha Cama
A minha cama é vítima inocente
Tadinha dela... Quando eu sofro, sofre
Na confidência, guarda como um cofre
Soluços, socos... pena e é valente.
Lençóis amarrotados deixo nela
Encharco o travesseiro, quebro o estrado
Me jogo, deixo o peso acumulado
E nem sequer reclama, nem apela.
Já vai-se meia-noite, a hora avança
Um rosto-alvor de insônia a lua imprime
Da grade da janela os fachos lança.
Que boa, leve cama, tão sublime!
Pro meu remorso é um berço que balança
Um bom confessionário pro meu crime.