Lábios
Justificar-me nunca poderia
Se desprezei os Teus ensinamentos
Se os sonhos já viraram fragmentos
E cada noite é crua, tão vazia.
Um último prazer comigo trago
Pois como prometi ter virgens lábios
Empoeirados ficam... alfarrábios
E nessa solitude o voto pago.
Eu ei de navegar no barco certo
Deixar pra trás a dor, viver liberto
Pra nunca mais voltar à terra firme.
E as lágrimas, Senhor, me enxugarás
Um lábio "leite e mel" concederás
Verei aquele anjo bom sorrir-me.