"SONETO DO TALVEZ"

Aquela que se diz feliz, por dar-se

jura de pés juntos, as juras que não fez

porque prefere a máscara e o disfarce

decidindo pelos “agora” ou os “talvez”

Pudesse, então, numa rainha transformar-se

para que ninguém nela visse, o que não há

seu corpo e mente, pois, ao modificar-se

conclui absoluta, que nada mudará

Mas... o que há no fundo desse nada?

seria a mesma cantilena, endossada?

o mesmo perfil, de voz macia e candura?

Nesses tempos trágicos e latentes

de choros, gritos e gestos comoventes

inevitáveis, reflexos da pseudo ternura.

René Cambraia
Enviado por René Cambraia em 16/07/2010
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