Nostalgia

Pra que sonhar a vida em tom concreto

Expô-la cega, se esse é mesmo o fato

Se posso abrir os olhos n'altas nuvens

Bailar nas vagas réstias da memória?

Prazer pequeno, livre, preso à mente

Enorme alento traz-me... Inexplicável

Não vivo em mim sequer um só momento

Mas morro em simples frase inesquecível.

Dizeres soltos fogem da garganta

Estralam mornos, gritam aveludados:

Sou eu querendo ser apenas eu!

Mania, maluquice, quem me julga?

Não julgo-me poeta... Meninice...

Sou eu, apenas eu em nostalgia.

//Esclarecendo, a ausência de rima é proposital, dando lugar, no segundo quarteto e terceto, à rimas (se assim posso chamá-las) mais tímidas: Rimando as consoantes no quarteto e rimando de forma deslocada no terceto.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 15/07/2010
Código do texto: T2379725
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.