Nostalgia
Pra que sonhar a vida em tom concreto
Expô-la cega, se esse é mesmo o fato
Se posso abrir os olhos n'altas nuvens
Bailar nas vagas réstias da memória?
Prazer pequeno, livre, preso à mente
Enorme alento traz-me... Inexplicável
Não vivo em mim sequer um só momento
Mas morro em simples frase inesquecível.
Dizeres soltos fogem da garganta
Estralam mornos, gritam aveludados:
Sou eu querendo ser apenas eu!
Mania, maluquice, quem me julga?
Não julgo-me poeta... Meninice...
Sou eu, apenas eu em nostalgia.
//Esclarecendo, a ausência de rima é proposital, dando lugar, no segundo quarteto e terceto, à rimas (se assim posso chamá-las) mais tímidas: Rimando as consoantes no quarteto e rimando de forma deslocada no terceto.