SONETO À POESIA LIVRE
Se aqui procuraís uma poetiza em clausura,
Um Soneto de fria amargura ou de ternura vazia,
Não vos demoreis... nem me olheis com censura
Que aqui apenas reside uma certa pena, madura
Se quereis um verso sem bravura e perfeito,
Daqueles que rimam e se dizem o leito da literatura,
Por favor me deixem viver fora e longe da moldura
Que aqui apenas vive uma criatura em pleno deleito!
A poesia me perguntareis... alquímia do sentimento?
O escritor e o seu desamor ou o poeta e a filosofia?
Não existe mais o impor apenas o sabor do momento!
Canticos e versos soltos na contextura do apego?
São instantes roubados e palavras de douçura lavradas,
O tudo mas jamais o nada neste meu universo disperso!
Salomé
"Sonetos 2010"