SONETO À SAUDADE
Quando eu disser que sinto, acredite nesse sentimento
Antes que nos vença o tempo e nos alcance a desilusão,
Já que vivemos no vão entre a aflição e o tormento
E a qualquer instante podemos naufragar na dita solidão
Quando eu disser me perceba, baste estar nesse momento
Vendo o mesmo pôr-do-sol e a mesma lua, imensa e nua,
Como um farol, iluminando o silêncio das nossas ausências,
Nos devolvendo a nossa essência, meu uníco e são alimento
Quando eu te chamar, não se esqueça e esteja por perto
Que ainda que este suspiro mudo, esteja escrito em verso,
Explodirá no teu rosto num gemido de sofreguidão liberto
Quando eu te falar que te amo... te afirmar que te quero
E que cada brade e lágrima chorada é um tributo a saudade,
Acredite no luto que longe de você apenas sou um mero sepulto.
Salomé
“Sonetos 2010”