Intransponível
Devorarei meu pranto, cada choro
Ao cadafalso vou resignado
E cantar-se-á de fundo, em uno coro:
"Viveu amando... Morrerá acabado!"
Minha justiça... Como um trapo imundo
Contemplar-se-á, no último discurso
Arrependida, de um palor profundo...
Terá o pranto um insondável curso.
Deus, Pai! Com Tua justa mão me pune!
Ou mostra a graça Tua e faz-me imune
De mim, do meu pecado, mal terrível!
E assim, um dia eu ouça o veredito:
"Meu filho, a cruz levei, me fiz maldito
O amor com que te amei é intransponível."