Intransponível

Devorarei meu pranto, cada choro

Ao cadafalso vou resignado

E cantar-se-á de fundo, em uno coro:

"Viveu amando... Morrerá acabado!"

Minha justiça... Como um trapo imundo

Contemplar-se-á, no último discurso

Arrependida, de um palor profundo...

Terá o pranto um insondável curso.

Deus, Pai! Com Tua justa mão me pune!

Ou mostra a graça Tua e faz-me imune

De mim, do meu pecado, mal terrível!

E assim, um dia eu ouça o veredito:

"Meu filho, a cruz levei, me fiz maldito

O amor com que te amei é intransponível."

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 25/04/2010
Reeditado em 25/04/2010
Código do texto: T2217963
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.