Sou-te sereia, mas não me vês...
Senhor, sereia sou, mistério incontroverso,
exibo-me quimera, arranco-te queixumes.
Ao embalo deste mar – fullgás – sou teu reverso,
a dor que não se esconde – um verso em mil perfumes.
Revelo-te em meu corpo as vidas do Universo,
beleza transcendente, arfar de vis ciúmes.
Ao embalo deste mar – fugaz – um corpo emerso,
resvalo ao teu olhar – não brilhas aos meus lumes.
E canto e canto e canto! Excelsa em tom ardente!
Rastejo ao teu mistério e louca em ti delinquo
ao verso, numa estrofe, em mim tudo é cadente!
De que valho em paixão? Em ti nem sou sagrada!
Ao vento do arrebol meu canto tão longínquo
é sonho, é ária, é luz, é sombra, é dor, é nada...
Cabo Frio, 24 de março de 2010 – 16h34